Alavancagem de Carreira pode ser “pedra que rola rio”: “não cria limo!”

Relendo a Revista EXAME ( Editora ABRIL), em sua Edição Especial – “MELHORES E MAIORES 2011 – As 1.000 Maiores Empresas do Brasil”, encontrei uma declaração que há muito vinha esperando de algum executivo de destaque. Trata-se do que disse Oswaldo Melantonio Filho, Presidente da Endered do Brasil, sobre o potencial brasileiro de produzir talentos e mantê-los no mercado. Ele diz:

“A perda de talentos e a dificuldade de repor profissionais podem hipotecar o futuro da companhia”.

Sim, está correto e não é diferente do que constatamos no nosso dia a dia e estudamos nas escolas. No entanto ele dá uma opinião que coincide com a minha preocupação. A seguir:

“No Brasil do pleno emprego, os desafios de atração e retenção aumentam, e a situação se agrava diante das características da chamada Geração Y. Em busca de aceleração da carreira, muitos jovens partem para uma troca mais acentuada de empregos, prática que envolve certo risco. O imediatismo e a visão de curto prazo podem redundar em um salto precipitado, de consequências danosas”.

Com todo o respeito aos que se empolgam com esse critério de exigibilidade da Geração Y (aceleramento da carreira, alavancagem da carreira), é preciso pesar que os riscos são altos tanto para o profissional quanto para o empregador. Aqueles que estão acima da média ou que viram gurus – mesmo com pouca idade – são a minoria e, por mais que tenhamos conhecimento compartilhado e tecnologias preciosas para o domínio de determinado assunto, não podemos esquecer que na maioria dos casos os profissionais são esculpidos pelo tempo.

Em uma era em que não se pode errar – o que já é desumano – em que os profissionais são pressionados a fazer certo, sempre, já da primeira vez, é muito importante que os conhecimentos e habilidades “estejam no sangue” ou “estejam fundidos ao DNA profissional”, do executor ou do executivo. Do contrário, mesmo com toda a argumentação de que inúmeras formas de se mitigar esse risco estão disponíveis às organizações, na hora da aplicação todos os argumentos passam pelo crivo das “necessidades ilimitadas” e dos “recursos escassos”. Ou seja, na teoria é possível, mas na prática se torna muito difícil.

É preciso pensar se essa é uma tendência na economia ocidental ou se a Geração Y se faz presente, também, entre os orientais – especialmente entre indianos e asiáticos -, pois o Brasil não pode perder tempo reaprendendo, retrabalhando ou interrompendo projetos. Caso isso aconteça, o país do pleno emprego contratará mão de obra estrangeira por não ter competência para formar seu próprio quadro de talentos, além de potencializar ainda mais a escassez dos recursos.

É preciso pensar em políticas de gestão que respeitem a cadeia de formação e retenção de talentos, considerando o ser humano tal como ele é: um indivíduo que deve compartilhar o conhecimento, mas que vive para aprender; que possa ser meritocraticamente gerido, mas que trabalha para viver e não vive para trabalhar; que deve dar ao seu país e à sociedade o que se espera, mas que recebe a sua contrapartida: infraestrutura de saúde, segurança e educação, aliada ao conhecimento e experiência que formarão a sua essência no decorrer de sua longa jornada.

Por isso, sempre que penso ou converso sobre esse assunto, eu me lembro de uma lição que minha avó (Dona Carmelita) me deu há muitos anos e que há muito serve para que os profissionais pensem sobre o concluir suas missões e para que as organizações pensem sobre diminuir os gaps de talentos:

“Pedra que rola o rio não cria limo”.

Um comentário sobre “Alavancagem de Carreira pode ser “pedra que rola rio”: “não cria limo!”

  1. Seguir adiante na mesma organização ou mudar de empresa a cada convite? Dilemas existem para trazer desafios. Um bom processo de coaching pode trazer ótimos elementos que auxiliem ao processo de avaliação e decisão. Procure o seu Coach.

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